Acostumada a viajar para o exterior e encontrar muitas lojas nas ruas, estranhei quando cheguei a Havana e não as vi. Onde estão as lojas? Onde as pessoas compram? Elas não consomem? Não há mercadorias para comprar?
Depois de muito andar, encontrei-as fora do circuito turístico.
É possível ver a escassez que se espera ver nas vitrines das lojas populares de Havana. Mas o que mais me chamou a atenção foram as mercadorias expostas e a forma como estão expostas. Em muitas dessas vitrines, os produtos estão cuidadosamente dispostos, em composições que por vezes lembram instalações artísticas.
Nelas se vê toda sorte de produtos: roupas, tecidos, produtos de higiene e de limpeza, utilidades do lar, peças e ferramentas. Em algumas vitrines, somente um tipo de produto é exposto. Mas em várias delas, mercadorias de naturezas diferentes estão lado a lado. Sem haver aparentemente uma justificativa para estarem juntos na mesma vitrine, os produtos aparecem repetidamente de forma muito similar em vários estabelecimentos diferentes, quase como um padrão.
Esse arranjo fez com que as perguntas mudassem: por que produtos tão diferentes estão dispostos lado a lado na mesma vitrine? Por que produtos simples, que normalmente estão atrás dos balcões, estão dispostos de uma forma tão peculiar nas vitrines? Quem as arrumou assim? Por que as arrumou assim? Quem compra esses produtos? Quem não compra esses produtos?
Pode-se pensar que alguém pensou muito bem em como dispor as mercadorias de uma forma tão “artística”, mas, após uma pesquisa sobre consumo em Cuba, descobri que na verdade não há vitrinistas, os próprios trabalhadores definem a forma de expor as mercadorias. Assim, acabaram criando uma estética única, visualmente interessante e muito intrigante. E nos reflexos dos vidros se vê fragmentos dessa cidade tão interessante e intrigante quanto suas singulares vitrines.
Esta série é parte do projeto sobre consumo e comércio em Cuba e também é parte do Projeto Vitrines, assim como o Amsterdamse ramen-etalages.
Accustomed to traveling abroad and finding many shops in the streets, I was surprised when I arrived in Havana and did not see them. Where are the stores? Where do people buy? Do not they consume? There are no goods to buy?
In fact, when one thinks of Cuba or some socialist country, one knows that there is a shortage of both products - in variety and quantity, and money to acquire them.
After a long walk but a bit off the tourist area, I found the shops.
It is possible to see the scarcity expected to be seen in the windows of Havana's popular shops. But what most caught my attention were the exposed goods and the way they are exposed. In many of these store windows, the products are carefully arranged, in compositions that sometimes resemble artistic installations.
In them you can see all kinds of products: clothes, fabrics, hygiene and cleaning products, household utilities, tools, etc. In some cases, only one type of product is exposed. But in several of them, goods of different natures stand side by side. While there is apparently no justification for being together in the same store window, the products appear repeatedly very similarly in several different establishments, almost as a pattern.
This arrangement made the questions change: Why are such different products arranged side by side in the same store window? Why are simple products, usually behind the counters, are arranged in such a peculiar way in the store window? Who made them like that? Why did you arrange them like that? Who buys these products? Who does not buy these products?
This motivated a research on the evolution of consumption in Cuba and its various phases. There are no store window designers in Havana, the workers themselves define how to expose the goods. Thus, they ended up creating a unique aesthetic, visually interesting and very intriguing. And in the reflections of the glasses one sees fragments of this city as interesting and intriguing as its singular store windows.
This series is part of the project on consumption and commerce in Cuba and is also part of the Vitrines Project, as is the Amsterdamse ramen-etalages.